“Ô, Rosenberg, presta atenção, preto e branco é a cor do Coringão!” Reunida no Parque São Jorge, à espera do jogador Roberto Carlos, que faria sua apresentação oficial no Corinthians naquele 4 de janeiro, a torcida protestava contra o terceiro uniforme do time. “Roxo é o c., preto e branco é a cor do centenário!” No meio do gramado, debaixo do sol escaldante do meio-dia, Luís Paulo Rosenberg, diretor de marketing do Timão, atendia ao chamado da Fiel e ouvia atento. “A ideia de o roxo ser corintiano era tão genial que nós abraçamos com força”, disse Rosenberg. “Só que deixamos a cor permear tudo, e isso revoltou a torcida. E para nós tudo é tormentoso, questionável: a Fiel é dona do clube.” Sim, Rosenberg se coloca no meio ao falar da torcida. Seu grau de fanatismo é dos mais altos. Tanto que ele não sai de casa sem algo que lembre o clube. Seja um simples broche, chaveiro ou caneta. “O Luís Paulo não é só mais um louco do bando”, diz Andrés Sanches, o presidente do Timão. “Ele é o mentor desse bando de loucos.” No apartamento de Rosenberg, na Zona Oeste da capital, há preto e branco por todos os lados.
Não que ele tenha feito o milagre de transformar o desorganizado e conturbado time de três anos atrás – aquele do rebaixamento à segunda divisão – em uma equipe de primeiro mundo. Longe disso. Com uma dívida de quase R$ 100 milhões, o Corinthians ainda tem muitos problemas administrativos para resolver. Mas o diretor de marketing, em sua ousadia e loucura, tem procurado criar ações que tirem de vez o clube do buraco. Ou que ao menos criem essa percepção pelo país inteiro. Seja contratando Ronaldo, vendendo espaços para os torcedores colocar suas fotos nas camisas ou lançando o polêmico uniforme roxo. “Acho um espetáculo essa discussão sobre a camisa roxa. Isso é marketing. Isso é Corinthians!”
“Tive todos os carros que quis, tenho mulher, filhos, casa na praia... Mas eu ainda não tenho a Libertadores!”
“A primeira coisa que precisa ser desmistificada é imaginar que é possível deixar uma zorra na administração e no futebol e colocar em prática um marketing supermoderno”, afirma Rosenberg. “Uma coisa não compensa a outra.” Ele diz que a atual gestão é diferente de todas e classifica como “revolucionário” o trabalho de Andrés Sanches. “É um grupo sem compromisso algum com a ‘velharada’. Começamos do zero. Isso é Corinthians!”
Nesta temporada, o Corinthians disputará a Copa Libertadores da América pela oitava vez. O mais perto do título que o clube chegou foram as semifinais, em 2000, sendo derrotado pelo arquirrival Palmeiras. Na cabeça de Rosenberg, é tão certo que a sonhada conquista virá em 2010 que um fracasso o deixaria mais triste do que em qualquer outro tropeço anterior. “Se não ganhar, vou ficar arrasado e juntar meus cacos.” Como todo bom obcecado, Rosenberg tem um discurso pronto sobre o tema. “Eu sei que o clube tem a posição oficial de que é importante competir, de quanto mais disputarmos, melhor. Porém, eu quero dizer, como Luís Paulo, depois de 60 anos de corintianismo, que meu time vai ganhar essa Libertadores. Fizemos de tudo por isso. Os outros times que se mexam, porque não vamos parar de inovar. Isso aqui é Corinthians!”.
Edição: Alan Barros, Gabriela Queiroz, Guilherme Felippe, Kauê Lima e Renato Pedroso
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